terça-feira, 27 de agosto de 2013

Doutor Advogado e Doutor Médico: até quando?

Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. elianebrum@uol.com.br
@brumelianebrum (Foto: ÉPOCA)

Por que o uso da palavra “doutor” antes do nome de advogados e médicos ainda persiste entre nós? E o que ela revela do Brasil?

Sei muito bem que a língua, como coisa viva que é, só muda quando mudam as pessoas, as relações entre elas e a forma como lidam com o mundo. Poucas expressões humanas são tão avessas a imposições por decreto como a língua. Tão indomável que até mesmo nós, mais vezes do que gostaríamos, acabamos deixando escapar palavras que faríamos de tudo para recolher no segundo seguinte. E talvez mais vezes ainda pretendêssemos usar determinado sujeito, verbo, substantivo ou adjetivo e usamos outro bem diferente, que revela muito mais de nossas intenções e sentimentos do que desejaríamos. Afinal, a psicanálise foi construída com os tijolos de nossos atos falhos. Exerço, porém, um pequeno ato quixotesco no meu uso pessoal da língua: esforço-me para jamais usar a palavra “doutor” antes do nome de um médico ou de um advogado.  

Professores de MT decidem manter paralisação por tempo indeterminado

Durante assembleia geral, professores decidiram manter greve em Mato Grosso (Foto: Marcos Landim/TVCA)

Os professores da rede estadual de ensino de Mato Grosso decidiram manter a greve por tempo indeterminado, em assembleia geral da categoria realizada na tarde desta segunda-feira (26), na Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá. Após a assembleia, os manifestantes seguiram em passeata para a Praça Alencastro, no Centro da cidade, para um ato público.
“A greve continua até que o governo do estado negocie a pauta de reivindicação dos professores, no ponto em que os trabalhadores elegeram como fundamental”, afirmou Henrique Lopes Nascimento, presidente do  Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT).A paralisação, que completou duas semanas nesta segunda-feira, é para reivindicar quatro pontos principais: reajuste salarial em 10,41%, inclusão da hora atividade para os professores contratados, melhoria nas estruturas das escolas e a posse dos classificados no concurso realizado em 2010. O presidente do Sintep declarou ainda que as negociações estão paradas por falta de vontade política do governo do estado. “Falta uma visão de estado do próprio governador do estado, que coloca que pessoalmente não quer negociar com a categoria em greve. As negociações só estão acontecendo com o secretário de Educação e com o secretário de Administração e não avançam no que diz respeito à questão de recursos”, declarou.
Em relação à decisão, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) declarou que em nenhum momento interrompeu o processo de negociação e que espera que os professores voltem a trabalhar para retomar as discussões com a classe. Mas que as pautas que envolvem o orçamento da secretaria devem ser discutidas nas comissões de avaliação, que já vinham sendo feitas com a categoria e as Secretarias do governo estadual e foram atrapalhadas pela greve. Henrique Lopes Nascimento declarou que os 10,42% de aumento pedidos pela classe são baseado em estudos. “Foram feitos com base em estudos, no que o estado tem tido de arrecadação nos últimos anos, no crescimento das receitas e no que deveria ser disponibilizado para a educação”, afirmou.
O presidente Sintep-MT já havia declarado que o governo do estado, em reunião com a categoria, apontou um calendário de chamamento dos classificados no último concurso público em 2010. No entanto, ainda de acordo com o Sintep, o número informado estaria longe de suprir a quantidade de cargos vagos na rede estadual de ensino. A proposta seria de um calendário para a posse de técnicos e apoio administrativo, além de mais 500 professores até novembro de 2013.
O governador Silval Barbosa declarou, na semana passada, que não irá discutir as pautas reivindicadas pelos professores enquanto a classe estiver em greve. Com relação às reivindicações, o governador disse que em seu governo 8.600 profissionais foram efetivados na área de educação no estado. “De 2010 para cá eu repus toda a inflação que houve, mais 25,8% de ganho real na carreira dos servidores. Nunca se fez tanto na carreira dos servidores, nunca se chamou tanta gente em concurso como se chamou agora”, argumentou Silval.
O presidente do Sintep afirma que cerca de 80% das escolas estaduais de Mato Grosso estão paradas, o que somaria adesão de cerca de 90% dos trabalhadores da categoria, segundo ele. Na última semana, os professores da rede pública realizaram uma manifestação na Praça Alencastro, no Centro de Cuiabá. O evento reuniu caravanas de todo o estado, que também percorreram avenidas da região central, em passeata.